Home Mundo Com medo do que Trump poderia fazer, general protegeu armas nucleares, diz livro

Com medo do que Trump poderia fazer, general protegeu armas nucleares, diz livro

por Da Redacao

O general Mark Milley, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas americanas, adotou medidas para limitar os poderes de Donald Trump de ordenar um ataque militar ou mesmo o disparo de armas nucleares, segundo “Peril”, novo livro dos premiados jornalistas Bob Woodward e Robert Costa, veterano repórter do jornal “The Washington Post”.

A medida teria sido tomada por Milley dois dias depois da invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente tentaram impedir a certificação da vitória do presidente Joe Biden.

No livro, Woodward e Costa escrevem que o general Mark Milley, assustado com a invasão, esteve certo de que Trump estava mentalmente afetado com a derrota nas eleições, berrando com oficiais e construindo uma realidade alternativa sobre o resultado das urnas.

Milley temia que Trump fizesse algo radical por sua conta própria. “Você nunca sabe qual é o ponto em que um presidente puxa o gatilho”, disse o general aos seus principais auxiliares, de acordo com o livro.

‘Eu sou parte do processo’

Aos oficiais do Centro Nacional de Comando Militar, a “sala de guerra” do Pentágono, Mark Milley disse, em reunião secreta, que nada poderia ser feito “fora do processo” — ou seja, sem que ele fosse consultado.

“Não importa o que digam para vocês, sigam o processo. Você faz o processo e eu sou parte do processo”, disse o general, de acordo com os relatos. Os presentes também contam que ele andou pela sala, olhou nos olhos de cada um dos presentes e pediu uma confirmação direta de compreensão da ordem.

‘Você sabe que ele está louco’

A obra também traz a transcrição de uma conversa telefônica entre o militar e a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.

Pelosi telefonou ao militar para manifestar a sua preocupação com o que Trump poderia fazer, após o dia 6 de janeiro e antes da posse de Biden, no dia 20.

A deputada cobrou a segurança das armas nucleares, o que Milley assentiu.

“O que eu estou dizendo para você é que se não conseguiram parar ele de invadir o Capitólio, o que mais ele [Trump] pode fazer? Existe alguém na Casa Branca que esteja fazendo outra coisa além de beijar a bunda dele a respeito disso?”, questionou. “Você sabe que ele está louco. Ele vem estado louco faz muito tempo.”

Segundo o livro de Woodward e Costa, o militar respondeu. “Senhora presidente, eu concordo com você a respeito de tudo.”

‘Vamos queimar Biden no dia 6 de janeiro’

Em “Peril”, os jornalistas relatam que no início de novembro, logo após a votação, Donald Trump se preparava para reconhecer a derrota nas urna. “Como nós perdemos na votação para Joe Biden?”, questionou à sua assessora Kellyanne Conway.

O procurador-geral William Barr tentou convencê-lo de que as acusações de fraude eram uma besteira. “Isso sobre as máquinas de votação é apenas besteira”, Barr disse a Trump, segundo o livro. “Seus auxiliares são um monte de palhaços”, completou o procurador-geral ao então presidente americano.

Donald Trump, no entanto, decidiu ouvir outras pessoas. Rudolph Giuliani, advogado e ex-prefeito de Nova York, foi um dos que tomou a frente para insistir com Trump na negativa do resultado das urnas.

Outro que voltou à cena após tempos afastado do centro do poder americano foi Steve Bannon, ex-assessor da Casa Branca no início do governo. Na reta final dos dias que antecederam a invasão do dia 6, Bannon foi para Washington e articulou o apoio ao protesto.

“Pessoas vão pensar ‘O que está acontecendo aqui’? Nós vamos queimar Biden em 6 de janeiro, queimar ele.”

Trump para Pence: ‘Eu não quero mais ser seu amigo’

Nos Estados Unidos, o vice-presidente é também o presidente do Senado. Nesse papel, Mike Pence poderia, aos olhos de Trump, reverter os resultados da eleição.

“Se essas pessoas dizem que você tem o poder, por que você não quer?”, perguntou o presidente ao vice.

“Eu não gostaria que ninguém sozinho tivesse tamanho poder”, respondeu Pence.

“Mas não seria quase legal ter esse poder?”, replicou Trump.

“Não”, rebateu o vice. “Eu fiz tudo que eu podia e então procurar um jeito de contornar isso. Simplesmente não é possível.”

Foi a partir daí que a conversa entre presidente e vice-presidente teria se tornado agressiva.

“Não, não, não”, gritou Trump. “Você não entende, Mike. Você pode fazer isso. Eu não quero mais ser seu amigo se você não fizer isso.”

Na manhã de 6 de janeiro, dia em que o Congresso se reuniria para certificar o resultado das urnas, o então presidente Donald Trump telefonou novamente para Mike Pence. “Se você não fizer isso, eu escolhi o cara errado quatro anos atrás”.

O papel de Pence

Embora tenha se postado contra ele no final, Mike Pence devotou, segundo relata o livro “Peril”, quatro anos de lealdade abjeta e sofreu para tomar a decisão contra o presidente no momento mais tenso da crise.

Os autores Bob Woodward e Robert Costa escrevem que Pence questionou Dan Quayle, vice-presidente durante os oito anos de George H.W. Bush (2001-2009), se não havia mesmo nada que ele poderia fazer.

“Mike, não tem nada que você possa fazer a esse respeito. Nada. Zero. Esquece. Deixa isso de lado”, disse Quayle a Pence.

“Você não entende a posição na qual eu estou”, respondeu ao antecessor.

“Eu sei sim a posição em que você está”, disse o ex-vice-presidente Dan Quayle. “Eu também sei qual é a lei. Você ouve o Parlamento. Isso é tudo que você faz. Você não tem poder”, afirmou.

‘Peril’

Baseado em mais de 200 entrevistas com participantes e testemunhas, o livro pinta um cenário dos últimos dias de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. O livro, o terceiro de Bob Woodward sobre o governo Trump, reconta cenas de bastidores de um comandante-em-chefe explosivo, gritando com assessores enquanto tentava desesperadamente se agarrar ao poder.

Woodward e Costa conseguiram documentos, calendários, diários, e-mails, notas de reunião, transcrições e outras formas de gravação.

A obra também trata da decisão de Joe Biden de concorrer novamente a presidente; os primeiros seis meses do seu governo; por que ele se esforçou tanto para deixar o Afeganistão; e o que ele realmente pensa sobre Trump.

O livro será lançado nos Estados Unidos no próximo dia 21. A CNN obteve uma cópia antecipada da obra.

*Informações de Jamie Gangel, Jeremy Herb e Elizabeth Stuart, da CNN Internacional

Fonte: CNN Brasil

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