Médicos que atuam na Ortopedia e Traumatologia do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) denunciaram, nesta quinta-feira (11), a situação “calamitosa” do local ao Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Conselho Regional de Medicina (CRM).
Queremos mostrar o retrocesso no serviço de ortopedia e traumatologia, os prejuízos para todos os envolvidos
Eles falaram com o MidiaNews e relataram superlotação, falta de equipamentos, cancelamentos de cirurgias e atraso de salários.
Segundo os relatos, as falhas surgiram a partir da decisão da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) de escolher uma única empresa – a Síntese Comércio Hospitalar – como fornecedora exclusiva de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).
“Estamos com superlotação do hospital principalmente com os pacientes com patologia ortopédica, chegando a um número de mais de 90 pacientes aos cuidados ortopédicos e sua maioria, aguardando procedimentos cirúrgicos. Apenas 44 pacientes estão em leitos de enfermaria recebendo condições mínimas de cuidados com leitos apropriados e, os demais em leitos provisórios e até mesmo em corredores”, diz trecho do ofício
Segundo o documento, na quarta-feira (10) nenhuma cirurgia que depende de OPMEs fornecida pela empresa Síntese foi confirmada.
Já nesta quinta-feira (11), os procedimentos foram retomados, mas atendendo apenas uma pequena parte dos pacientes que aguardo. Além disso, ainda há muitas pessoas distribuídas nos corredores do hospital municipal.
Esse tipo de problema, que se tornou comum no HMC, fez com que a média de internação que era de quatro dias, em 2023, saltasse para mais de 30.
“Queremos mostrar o retrocesso no serviço de ortopedia e traumatologia, os prejuízos para todos os envolvidos. Problemas esses que estamos sempre apontando para a Direção do Hospital e os demais responsáveis para tomarem alguma atitude cabível para a melhoria”, pontuam os profissionais.
Gastos desnecessários
Segundo os médicos, o HMC têm notado aumento significativamente os procedimentos provisórios.
No documento entregue aos órgãos de controle e fiscalização, citam como exemplo casos de fratura e luxação de tornozelo, em que a OPME permanente custa em torno de R$ 148,40. No entanto, ao utilizar um fixador externo provisório o valor sobe para R$ 1.351,04 e, posteriormente, soma-se a uma nova cirurgia necessária com materiais de R$ 1.499,44.
“Todos esses fatores mencionados, são ocorrências que ocasionam maior custo para o hospital pelo tempo de internação prolongado e gasto com OPME duas vezes. Ressaltamos que foram inúmeras conversas informais, formais, comunicados internos para a direção, Secretaria de Saúde, órgãos responsáveis, para manter o bom funcionamento do hospital e manter um serviço de qualidade, mesmo com salários atrasados desde novembro de 2023”, completa.
A reportagem tentou contato com a Síntese Comércio Hospitalar, que não retornou os telefonemas.