Em 1996 cheguei em Diamantino, cidade histórica localizada na região Médio Norte de Mato Grosso, para atuar como médico pediatra no Hospital São João Batista, fundado pela Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Praticamente morei por três meses no hospital, onde fui acolhido de braços abertos pelas religiosas.
Quase três décadas depois, agora como prefeito, temos a alegria de contribuir para a municipalização do Hospital São João Batista, um sonho das irmãzinhas e nosso como profissional da saúde.
Mas, porque esse desejo tão grande de transferir para a Prefeitura de Diamantino a gestão do hospital? São vários os motivos, a começar pelo fato de passar a poder receber investimentos do Governo do Estado e do Governo Federal. Enquanto iniciativa privada, o Hospital São João Batista recebia apenas um determinado percentual previsto em lei.
Uma vez sob a gestão do poder público municipal, a unidade poderá ser contemplada com reformas, ampliação, novos equipamentos, mais especialidades, proporcionar qualificação permanente a seus servidores, entre outros. Inicialmente a previsão é de que, com a municipalização, as internações subam de 126 para 178 ao mês e também será possível viabilizar a oferta de cirurgias por vídeo, leitos de UTIs, equipar o hospital para novos exames de imagem, por exemplo. A curto prazo queremos zerar a lista de 121 pacientes à espera por cirurgias eletivas.
Somado tudo isso teremos como resultado a melhoria da qualidade dos serviços de saúde para nossos munícipes. E mais! Vamos evitar com que muitos pacientes continuem sofrendo riscos nas rodovias em busca de atendimento especialidade em cidades vizinhas e em Cuiabá. Além do risco, são longas horas de espera por atendimento, um sofrimento sem precedentes para quem já enfrenta grave problema de saúde.
Quando assumimos a prefeitura de Diamantino, em janeiro de dois mil e vinte e um, carregávamos justamente como grande desafio a recuperação do caráter regional da nossa saúde, garantindo mais atendimentos especializados à população e diminuindo os encaminhamentos para Cuiabá.
E a estratégia mais eficaz, legal e com o melhor custo-benefício para os cofres públicos foi a desapropriação, por meio de decreto, do hospital São João Batista motivada por interesse público. E assim adquirimos o hospital pelo valor de R$ 6.500.050,00, em comum acordo e sem nenhuma objeção, da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
Como médico do Sistema Único de Saúde, não poderia estar mais feliz por deixar como legado da nossa administração a mudança de concepção de gestão pública para esta cidade que me acolheu, cidade mãe da região, e temos que respeitar esta senhora de quase 300 anos.
Dr. Manoel Loureiro Neto é médico pediatra, atua no SUS desde 1996 e é prefeito de Diamantino (MT)