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Por Dra. Giovana Fortunato
O câncer de mama indubitavelmente é a doença mais temida pelas mulheres, uma vez que compromete não somente a integridade física, mas também a relação que a paciente estabelece com seu corpo e sua mente, pois a mama é o símbolo corpóreo da feminilidade, beleza, sexualidade e maternidade. Dessa forma, a literatura científica especializada indica que o diagnóstico do câncer de mama geralmente é acompanhado do surgimento de sintomas de estresse, ansiedade e depressão, do temor da mutilação, do sofrimento e da morte e da eclosão e/ou acentuação de conflitos psicológicos e transtornos psiquiátricos.
A mastectomia é um procedimento cirúrgico frequentemente utilizado para o tratamento do câncer de mama. Trata-se, contudo, de um recurso terapêutico altamente agressivo, que causa limitações físicas consideráveis e restringe a capacidade de movimentação corporal da mulher. Além disso, a mastectomia acarreta um impacto psicossocial particularmente acentuado, visto que a mutilação mamária decorrente da remoção da massa tumoral afeta a auto-imagem e a sexualidade da mulher e gera sentimentos de inferioridade e medo de rejeição por parte do parceiro. Mesmo com terapêutica e tecnologia de reconstrução mamária avançada, ainda gera sentimentos intrínsecos de tristeza.
A despeito de serem menos agressivas, as demais modalidades terapêuticas – sobretudo a quimioterapia e a radioterapia – também causam uma debilitação física considerável e despertam repercussões psicossociais importantes, pois geram efeitos colaterais diversos, dentre os quais se destacam a queda dos cabelos, o escurecimento da pele, o emagrecimento, o surgimento de edemas e a infertilidade.
Cada paciente vivencia de forma individual essa experiência, acerca de seu diagnóstico e dos aspectos psicossociais envolvidos nesse processo. Algumas acabam usando a negação como mecanismo de defesa nesta circunstância”. O que é muito perigoso, pois pode levá-la a não procurar ajuda médica e consequentemente ter uma piora do quadro.
Pode-se dizer, portanto, que o câncer de mama e seu tratamento representam um trauma psicológico para a maioria das mulheres, que se vêem obrigadas a enfrentar a perda da vida “normal”; que possuíam antes da ocorrência da enfermidade, a conviver com as alterações corporais resultantes das modalidades terapêuticas adotadas e a repensar metas, projetos e sonhos futuros. Evidencia-se, dessa forma, a importância de oferecer assistência multidisciplinar à mulher acometida pela enfermidade em questão.
Por esse motivo, além de todo o acompanhamento médico para tratamento da doença, o cuidado psicológico é fundamental para o bem-estar da mulher que está vivenciando esse momento delicado. A perda dos cabelos e da própria mama, possíveis efeitos colaterais do tratamento, a nova rotina desgasta física e emocionalmente essa paciente.
É neste contexto de mudanças que o acompanhamento psicológico pode trazer benefícios, em especial no processo de ressignificação dessa experiência dando força e esperança. O acompanhamento multidisciplinar, composto por profissionais de diferentes áreas é a peça principal para estabelecer o bem-estar físico e mental das pacientes.
É neste momento que a psicologia se torna um braço do tratamento oncológico e prepara as mulheres para enfrentarem os desafios sem se entregarem para a doença. Do diagnóstico até a alta, este suporte faz toda diferença.
Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium
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