O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, foi criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM( Conselho Federal de Medicina) e ABP( Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal entre os jovens brasileiros de 15 a 29 anos.
Dados da OMS também apontam que o suicídio é considerado a segunda causa de mortes entre jovens no mundo, depois de acidentes de trânsito.
Os números da OMS dão conta de que, em todo o mundo, os casos de suicídio chegam a 800 mil todos os anos morrem mais pessoas como resultado de suicídio do que de HIV, malária ou câncer de mama ou ainda guerras e homicídios. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, uma média de 38 suicídios por dia. A cada 100 mil homens brasileiros, 12,6% cometem suicídio; entre mulheres, a comparação aponta para 5,4% casos de suicídio a cada 100 mil mulheres brasileiras.
Os dados são alarmantes, e mesmo assim pouco se fala sobre o suicídio. A razão disso pode estar no fato de que esse é um assunto considerado tabu e cheio de estigmas, seja por uma questão cultural, religiosa ou até mesmo por medo e vergonha.
Acontece que muito se pensa sobre o assunto de uma forma simplista, como se a pessoa que tira a própria vida desistiu, não teve força suficiente, entre outros. A verdade é que a pessoa em intenso sofrimento quer apenas se libertar dele e esses estereótipos provocados pela falta de informação só dificultam a busca por ajuda e, consequentemente, inibe uma prevenção bem-sucedida.
O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Sendo assim, pode ser resultado de uma interação de fatores psicológicos, biológicos, culturais, socioambientais e até mesmo genéticos.
Dessa forma, não é correto e nem justo encarar a situação de uma forma simples tendo como base acontecimentos pontuais na história do indivíduo. É a consequência final de um processo. Ele foi criado para conscientizar a população e reforçar a importância do combate à depressão e da prevenção ao suicídio, assuntos delicados, mas que certamente salvam vidas e precisam ganhar visibilidade.
A depressão, doença que pode aumentar o risco de suicídio, acomete jovens, adultos e idosos em todo o mundo e afeta vários aspectos da vida de uma pessoa. Ela pode dificultar a realização de tarefas na vida profissional e pessoal, até mesmo em ações simples do cotidiano, como escovar os dentes e sair da cama.
Os fatores de risco para a depressão englobam tanto questões genéticas quanto ambientais e sociais.
Determinados fatores são pontos de atenção para o desenvolvimento da condição:
-Histórico familiar;
-Transtornos psiquiátricos correlatos;
-Estresse crônico;
-Ansiedade crônica;
-Disfunções hormonais;
-Dependência de álcool e drogas ilícitas;
-Traumas psicológicos;
-Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias, entre outras;
-Conflitos conjugais;
-Mudança brusca de condições financeiras e desemprego. É importante ressaltar que qualquer ameaça ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério. Ajuda e apoio nestes momentos devem ser providenciados com urgência.
As campanhas de prevenção ao suicídio têm extrema relevância, como é o caso do Setembro Amarelo. Trata-se de uma oportunidade de esclarecer para a população e estimular diálogos sobre o tema, contribuindo para a identificação de quadros depressivos.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional por telefone e atende de forma gratuita. As sensações de desamparo, desesperança e pensamentos negativos podem ser aliviadas com uma boa conversa e podemos salvar vidas.
Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium