É de conhecimento geral que a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – assim como todas as outras universidades federais do país – vem há um longo período sofrendo com uma série de desafios econômicos, bem como com cortes orçamentários que a impactaram de forma severa.
Considero importante, neste momento, em que me coloco à disposição da Universidade para continuar o trabalho que comecei, pontuar algumas questões delicadas com absoluta franqueza e retidão, não sucumbindo a ataques desleais ou a fake news.
Não há como negar e jamais seria, esta, a minha pretensão, que a falta de recursos nos trouxe dificuldades na manutenção preventiva e corretiva da infraestrutura dos prédios dos campus da UFMT. Todavia, trata-se da escolha do possível, da escolha pelo que é prioridade e essencial que, a meu ver, são as pessoas; estudantes, técnicos, professores e toda a sociedade.
Por isso, em que pese o reconhecimento destes problemas e toda a dificuldade financeira enfrentada na minha gestão, conseguimos evoluir muito mesmo na questão de infraestrutura.
O orçamento da UFMT é de pouco mais de R$ 860 milhões. Desse total, 86,15% referem-se ao pagamento de despesas obrigatórias (pessoal ativo/inativo e encargos sociais); 13,51% correspondem a outras despesas correntes (ODC ou custeio, incluídos os benefícios da folha de pagamento dos servidores) e 0,35% referem-se a investimentos.
Para elucidar, as obras e as questões estruturais estão abarcadas nos recursos de investimento que, como colocado, representam apenas 0,35% do orçamento. Assim, considerando a escassez dos recursos orçamentários da Instituição, trabalhamos duro na captação de recursos via parcerias externas. Em 2022, a UFMT bateu recorde em captação de recursos pela pesquisa – aproximadamente 45 milhões de reais. Em 2023, articulando com a bancada federal de Mato Grosso, conseguimos mais de 30 milhões em emendas parlamentares a serem aplicadas agora em 2024
Assim, empenhando esforços, conseguimos investir na aquisição de veículos, equipamentos e mobiliários. Para citar alguns, mobiliários para os prédios Humanitas e Coleções Zoológicas e equipamentos, como computadores, servidores, notebooks, para implantação do curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia do Campus Várzea Grande; ar condicionado, por meio de um edital de eficiência energética e gerador de energia para o Restaurante Universitário.
Em obras cito a readequação do departamento de estatística, a retomada de Obra do Bloco Didático da FAET, a complementação do bloco didático do ICET, a retomada da obra do Humanitas (Cuiabá), a retomada da obra centro de pesquisa multiusuário em materiais do Instituto de Física Cuiabá, a retomada da obra do centro de ciências farmacêuticas ICS – Sinop, a retomada da obra do centro de engenharia agrícola e ambiental – ICAA – Sinop, implantação da rede de energia blocos farmácia e engenharia agrícola – Sinop, o término de dois blocos didáticos em Cuiabá, entre outras.
Destaco com orgulho a implantação de Usinas Fotovoltaicas em Cuiabá, Sinop e Araguaia, o que nos garantiu a resolução definitiva da questão energética na casa bem como uma economia fundamental de recursos que, imediatamente, aplicamos em áreas sensíveis como infraestrutura e qualidade no ensino.
Ampliamos também o investimento na manutenção de laboratórios na casa de 2,2 milhões de reais mais especificamente na Central analítica campus Cuiabá – Departamento de Química, no Centro de Pesquisa Multiusuário do Araguaia e no Laboratório Integrado de Pesquisas em Química – LIPEQ – Sinop.
Voltando às pessoas, que foram nossas absolutas prioridades, conseguimos manter o compromisso com a qualidade do ensino e o suporte aos estudantes. A preservação da excelência acadêmica e a continuidade dos cursos são conquistas significativas em meio a dificuldades. Nenhum estudante ficou desamparado, nenhum curso diminuiu nota ou foi descredenciado. Isso, sim, é importante.
Aumentamos todas as bolsas concedidas aos estudantes, que não eram reajustadas desde 2013, de quatrocentos para setecentos reais mensais; nenhuma vaga na Casa do Estudante foi fechada; nenhuma refeição no Restaurante Universitário foi negada, concedemos auxílio de setenta reais para o estudante pagar internet para as aulas remotas durante a pandemia; mantivemos, sem cortes, as bolsas de iniciação científica; implementamos as bolsas de extensão tecnológica. Além de chancelarmos o compromisso com as ações afirmativas com as cotas nos programas de pós graduação e retomarmos o PROINQ, o qual prevê uma política de ação afirmativa para o ingresso de estudantes quilombolas de Mato Grosso na UFMT, bem como sua permanência com bolsa articulada junto ao Governo do Estado.
É crucial reconhecer e valorizar o comprometimento da Instituição e de todos os envolvidos na preservação do ambiente educacional, mesmo em momentos desafiadores. Ao mesmo tempo, sem dúvida, é importante continuar trabalhando por investimentos e recursos adequados para garantir que a UFMT possa prosperar e continuar oferecendo um ensino de qualidade no longo prazo, corrigindo os problemas e gargalos ainda hoje existentes. O equilíbrio entre reconhecimento e advocacia por melhorias é essencial para o desenvolvimento contínuo do sistema educacional.
Continuaremos reunindo esforços para implementação de medidas criativas, para otimizar recursos, bem como para captar recursos adicionais e externos por meio de parcerias e outras estratégias. É hora de terminar as obras, continuar os diálogos com os movimentos sociais e avaliar sempre os melhores caminhos para contribuir com uma sociedade justa, equilibrada e educada, funções, também, de uma universidade estratégica como a UFMT.
Seguiremos convictos que nossa UFMT deve ser aberta, plural, moderna, e conectada com os anseios da sociedade que a mantem. Sem retrocessos e adiante, sempre.