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Vegetais tomam lugar das ‘misturas’ no prato do brasileiro

por Da Redacao

A procura por alimentos mais saudáveis cresceu ao longo desses 20 meses de pandemia. Além de ser uma opção para os mais preocupados com a saúde, esses alimentos têm ocupado o lugar deixado pelas “misturas”, expressão popular que se refere às carnes. O interesse por esse grupo de alimentos foi suficiente para criar mais uma tendência para setores de comércio e serviços.

A mudança no hábito alimentar ocorre dentro dos lares e fora deles e já aparece em pesquisas de mercado. Um levantamento feito pela empresa Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC – antigo Ibope Inteligência), a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), mostrou que um terço dos brasileiros têm optado por pratos veganos nos cardápios de restaurantes e lanchonetes em 2021.

Durante as entrevistas, os pesquisadores constataram que 46% dos 2.002 participantes afirmaram que já deixaram de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana. Desta forma, diversificar as opções de cardápio com maior variedade de vegetais é um potencial de mercado.

“Com um cardápio mais centrado em pratos à base de plantas, os restaurantes conseguem atrair essa imensa base de clientes evidenciada pelas pesquisas, e ao mesmo tempo reduzir seus custos com alguns dos insumos mais caros, como carnes e queijos”, explica Mônica Buava, diretora executiva da SVB.

Outro estudo voltado para o consumo de hortifrutigranjeiros, feito pela consultoria Nielsen, identificou que estabelecimentos que trabalham com perecíveis frescos registraram aumento de seus faturamentos. Os dados apontam que, entre janeiro e março de 2021, as altas foram de 15% para frutas e de 103% para vegetais e saladas, em relação ao mesmo período do ano passado.

“Dois fatores explicam esse crescimento: aumento da refeição dentro de casa e a busca por alimentos que proporcionem a manutenção da saúde e o fortalecimento da imunidade — ambos impulsionados e enfatizados pela pandemia da covid-19. Neste contexto, o comércio de hortifrutigranjeiros tem grande potencial de expansão”, justifica o boletim de tendência de mercado, divulgado pelo sistema Sebrae.

Pesquisas de mercado anteriores, desenvolvidas pela equipe Hortifruti do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea- Esalq/USP), havia identificado recuo deste mercado no Brasil, entre 2008 e 2018. Neste intervalo, a queda no consumo de frutas e hortaliças também foi um reflexo de uma economia mais fraca desde 2014 – “que afetou o poder de compra da população – e das mudanças de hábitos do consumidor. Porém, com a pandemia, o preparo de refeições no lar, o auxílio emergencial e o apelo saudável, sinalizaram uma retomada do consumo de hortifrútis frescos no país”, pontua os analistas da HFBrasil.

*Curiosidade: A expressão popular “mistura” remete aos tempos da escravidão quando os escravizados recebiam uma pequena quantidade de carne para o preparo das refeições, complemento que está cada vez mais raro no prato dos brasileiros. O preço da carne bovina, em 12 meses, acumula alta de 34,28% até julho de 2021, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Dicas para o seu restaurante
No caso de estabelecimentos como restaurantes e lanchonetes, a adaptação do negócio para atender a nova realidade não demanda muitos investimentos, como compra de novos equipamentos ou aplicação de novas técnicas, garante a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).

A oferta de combinações simples, tradicionais, com ingredientes já disponíveis no restaurante viabiliza esse novo mercado. Entretanto, o segmento apresenta uma evolução da culinária “centrada nas plantas, com técnicas que evidenciam o sabor – e o consumidor está cada vez mais ávido por algo que seja saboroso, faça bem ao planeta e seja acessível”, explica Mônica.

A diretora executiva da SVB também alerta para a importância de os restaurantes se atentarem para construção de pratos que sejam inclusivos, “ou seja, pratos veganos porque contemplam a maior fatia possível do público – vegetarianos, veganos, simpatizantes, “flexitarianos” e afins”, completa.

Comerciantes de hortifrúti
Os varejistas que atuam no setor de alimentos também podem ampliar suas ofertas para atender essa tendência de mercado. Algumas dicas foram compiladas pelo Sebrae de Santa Catarina, confira:

– Acessibilidade: ações combinadas entre preço e portfólio de variedades de produtos; venda de produtos imperfeitos por menores preços; crescente procura por produtos locais; alimentos à base de plantas (vegetarianos/veganos) a preços mais acessíveis.

– Inovação: segurança do alimento por meio da rastreabilidade aliada a sistemas de produção e comercialização inovadores podem resultar em menos perdas, preços mais acessíveis, além do melhor valor agregado e segurança para o consumidor.

– Informações: ações que combinem hortifrutigranjeiros com receitas culinárias; comunicação com os consumidores para estimular ainda mais a ingestão desses alimentos.

– Conveniência: investimento em produtos práticos/convenientes para famílias menores e para quem passa pouco tempo em casa que promovam a saudabilidade. Exemplos: produtos fracionados, snacks de frutas, saladas prontas (frutas e vegetais), congelados, sucos prontos para beber e hortifrutis embalados. As porções fracionadas e higienizadas são as que mais vendem, principalmente entre os mais jovens.

– Diversificação: potencial de crescimento nas classes A e B com a diversificação de produtos premium e gourmet, por meio de frutas e hortaliças diferenciadas, especialmente prontas para o consumo.

Fonte: Jornal Estadão Mato Grosso

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