A Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão domiciliar em uma clínica médica clandestina, localizada no bairro Santa Cruz, em Cuiabá, na manhã desta quinta-feira (29). A ação contou com o apoio da Gerência de Operações Especiais da Polícia Civil (GCCO), de fiscais da Vigilância Sanitária Municipal e do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso.
De acordo com a Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), a investigação contra a clínica iniciou após receber a informação de que um paciente, de 55 anos, com câncer em estágio terminal, abandonou o tratamento convencional no Hospital Estadual Santa Casa, na capital, para se tratar com uma mulher, sem registro no CRM-MT, mas que se apresentava e atendia como médica.
Segundo o filho do paciente, a falsa médica, de 53 anos, realizou sessões de hemoterapia e ozonioterapia. Ela também realizou uma sessão, na qual colocou os pés do paciente em um recipiente, com água morna e metais, em formato de V.
A mulher ainda receitou e entregou um frasco, com uma substância desconhecida, para o paciente pingar na boca, com a promessa de que o líquido iria curá-lo do câncer terminal.
Ainda segundo o filho da vítima, após iniciar o tratamento com a falsa médica, seu pai piorou rapidamente, perdendo a fala, os movimentos das pernas e passou a se alimentar apenas com a ajuda de terceiros, até falecer, em julho deste ano.
A partir da piora do paciente com câncer, o filho pesquisou e descobriu que a mulher, que se apresentava como médica, trabalha como enfermeira no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Quando ele informou que iria denunciá-la à Polícia Civil, ela o chamou para conversar no estacionamento de um supermercado no bairro Tijucal, onde, segundo ele, confessou não ser médica e perguntou quanto ele queria para não fazer a denúncia.
Buscas e apreensões
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, os policiais civis, fiscais e a equipe do CRM encontraram carimbos com o nome da mulher e número de registro no Conselho de Medicina, além de receitas médicas carimbadas e assinadas recentemente por ela.
As receitas também traziam a prescrição de hormônios, vitaminas e outras substâncias. Também foram apreendidos dezenas de frascos com substância de composição desconhecida e rótulos escritos à mão ou impressos com o nome da mulher, como sendo a médica responsável pela prescrição, além de seringas e agulhas supostamente utilizadas em tratamentos à base de hemoterapia, alguns aparelhos e uma tabela com os preços de procedimentos e consultas, inclusive para crianças. Na tabela, as consultas podiam chegar a R$ 300. Ainda foi apreendida no local uma carteira funcional do CRM-MT, em nome da mulher.
A Vigilância Sanitária Municipal constatou que o local não possui alvará para funcionamento como clínica médica.
A Delegacia do Consumidor continuará investigando a acusada pela prática dos crimes de exercício ilegal da medicina, charlatanismo e curandeirismo. As penas somadas podem chegar a cinco anos de prisão e multa.
Pessoas que tenham sido atendidas pela falsa médica ou que tiverem alguma informação sobre os fatos, podem registrar boletim de ocorrência pela Delegacia Virtual (www.delegaciavirtual.mt.gov.br), em qualquer Delegacia de Polícia Civil de Mato Grosso ou, ainda, procurar a Decon em horário comercial, de segunda a sexta-feira.
Fonte: ReporterMt